Quem é ela?

          Quem é ela? Ela, aquela garota do canto, aquele perdida no mundo literário, ou completamente envolvida com as canções que saem de seus fones. Quem é ela? Discreta, calada, talvez até invisível para alguns, passando despercebida, tão diferente e ao mesmo tempo tão igual. Quem é ela que muitas vezes parece estar em um universo paralelo, isolado, desconhecido e maravilhoso?

                Ela é uma Maria, não que este seja o nome que consta em seus documentos, mas sim, ela é mais uma Maria. Uma Maria brasileira, como diriam o trio de empreguetes da telenovela das sete. Uma mulher discreta, que cultua bons livros e ama os animais, como aquela retratada por Charlie Brown Jr. Ela é a garota que tem a decência na postura e a indecência no olhar, assim como Modéstia Parte apresentou. Ela é uma Maria, Maria que possui a estranha mania de ter fé na vida, diria Milton Nascimento.

          Quem é ela? Ela é todas, é qualquer uma, e não é nenhuma. Idêntica e, ainda sim, completamente diferente das demais, tudo isso, sempre assim, tudo ao mesmo tempo. Ela sonha ser como Angelina Jolie, adotar várias crianças, ajudar muitas ongs, mas só, o estrelato a assusta, e bem, ela não tem nenhum talento. Ah! Contudo, ela é muito talentosa, carrega consigo um pote de dons, uma pena que não se conheça o suficiente para utiliza-los, não se preocupe, acredite, um dia ela chega lá.

                Ela sente falta do que passou e de como as coisas eram, ainda sim se recusa a chamar seus antigos colegas, afinal eles parecem estar vivendo super bem, mega felizes e ela definitivamente não quer bancar a solitária carente. Sente falta de ter com que se abrir, só que pensando bem ela nunca se abriu totalmente com ninguém, talvez vergonha, talvez medo, ou simplesmente porque sempre fora vista como a que soluciona problemas, jamais a que os tem como companheiros diários.

                Quem é ela que acha formidável estar sozinha? Não que seja solitária ou rejeitada, ela apenas se encontra melhor assim, distante de todos. Essa é uma de suas características, sempre se isolando. Sente preguiça de colocar seu melhor sorriso amarelo no rosto e sair para socializar. Não costuma gastar seu rico, soado e pouco dinheirinho com casas noturnas, boates ou um show qualquer com open bar. Apaixonada por literatura prefere sofrer por ler mais um capítulo do que por beber mais uma dose.

                É, ela é assim, estranha talvez, mas com um coração muito bom, apesar de não se deixar ludibriar fácil, tem o hábito de acreditar na humanidade, ou no que restou dela. Afinal: Quem é ela? Ela sou eu, ou talvez seja você, sua melhor amiga, irmã, prima ou talvez não seja ninguém. Ela é apenas ela, e tudo que ela quer é isso, ser simplesmente ela mesma...