Ela chega de repente . Raivosa e impetuosa tão violenta quanto um tsunami e eis que eu me afogo. Devastadora e cruel arrasta todas as certezas e esperanças construídas aos poucos desde sua última visita.
Depois da entrada triunfal resolve bancar a amiga, se sente em casa, entra e abre a geladeira, coloca o pé sobre a mesa, pensa que manda, que é dona. Quebra todos os vidros e peças de porcelanas que encontra pela frente, joga todas as minhas pinturas mais preciosas no chão e pisoteia.
Se acha a patroa, a chefe, a capitã. Coloca uma música e me puxa para dançar, mesmo contra minha vontade, pisa no meu pé e me faz crer que a culpa é minha. Vai do tango a valsa, muda pro balé, dança até axé. Quando percebo formou uma escola de samba palpitando no meu peito.
Sempre que ela vem é assim. Tem choro, medo e incertezas. Dúvidas sobre o futuro, sobre o presente, culpa do passado. Dúvidas sobre a capacidade de ser mais. Traz raiva e uma montanha-russa de emoções, além de palpitações e dores. Dores nas costas, no peito, na cabeça, e onde mais for possível. Resisto, enfrento, luto, sigo em frente, me canso e quase me entrego, mas enfim, ela desiste e dá um tempo, some, e eu então tento me reerguer e me preparar para mais um retorno inesperado dessa constante visita intrusa.
perfeito!
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