O pote de sorvete completamente vazio, dessa vez eu
exagerei. A dor não se importou comigo, tão pouco com o estado em que eu ficaria. Aqui
estou, soluçando de tanto chorar, agarrado ao travesseiro. Afinal, onde foi que
eu errei? Será possível ter errado tanto a ponto de viver num imenso vazio? O
que sobrou de mim?
Nem de
quatro em quatro caem minhas lágrimas, elas descem com intensidade, como uma
densa cachoeira. Na minha cabeça flashs da minha vida, do seu rosto, da época
em que eu fui feliz. Agora um ninguém, sem nada, perdido e atordoado, aos
prantos como um bebê assustado. Tudo que eu queria era um colo onde encostar
minha nuca e receber um doce e suave cafuné. Ao mesmo tempo a vontade de sair
sem destino e me jogar de algum lugar qualquer. Um misto de medo, raiva,
vergonha, saudade. Eu já não sei como vim parar aqui. Eu já nem sei quem é esse
em frente ao espelho.
O
telefone indica mais uma mensagem, ou talvez um telefonema, ou quem sabe uma
simples notificação de alguma rede social idiota na qual eu perco meu tempo
tentando não ser quem me tornei. As lágrimas continuam, parece que aumentam
cada vez mais. “SOCORRO”, penso em gritar, mas quem ouviria, ou tão somente se
importaria com um resto qualquer de ser humano? Agora a situação está crítica,
uma tempestade está formada em minha face. Seria este o meu fim? Morrer afogado
em meu próprio sofrimento, morto pelas lágrimas que saem dos meus olhos e
percorrem meu rosto, como me salvar deste afogamento iminente?
Eis que
a campainha toca, meu primeiro impulso é não atender, no mesmo momento recordo
da pizza que pedi. -Calabresa, senhor! – Pago e para felicidade do meu estômago
não foi dessa vez que meus olhos me mataram, apesar que antes de comer a
primeira fatia corro para o banheiro. Sabia que todo aquele sorvete traria sérias consequências...
*Este post faz parte do Desafio de Escrita. Tema 15. Clique aqui para ver a lista completa.*
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