- Menino, é melhor você levar um guarda-chuva, você não ouviu a moça do tempo falando que pode chover a qualquer momento?
-Não se
preocupe Judy, olhe só, não está vendo o sol? Volto logo, até!
Judy é minha
governanta, na verdade é quase que minha segunda mãe, nunca fui tão mimado por
ninguém. Ela vive tentando me proteger, e deixa tudo como uma linda pérola
polida, seu único problema é confiar fielmente na previsão do tempo. Ah o dia
está lindo!
Pensei em
passar na casa do Paulo, mas antes vou dar uma volta pelo centro. Entro em uma
loja de móveis. –Preciso trocar a mesinha de centro- penso, dou uma olhada em
volta, escolho ok, pagamento efetuado. Três vezes no cartão, está ótimo, irão
entregar amanhã de manhã, Judy receberá!
Antes de sair
da loja ouço um som no telhado, mas acabo não dando muita importância, saio
e o céu está simplesmente desabando sobre minha cabeça, no celular uma mensagem
– Eu avisei-. Sim, Judy estava certa, agora isso já não importa, preciso
encontrar um lugar para me proteger.
Logo na
esquina um bar, era do Juca, meu irmão e eu vivíamos aqui na época da faculdade,
agora já não sei quem é o dono. Entro e me sento junto ao balcão, um senhor de
bigode me atende, peço somente uma água com gás. Já faz alguns anos que deixei
de consumir álcool. Ao meu lado um rapaz, aparenta ter 30 anos, soluçando de
tanto chorar agarrado ao copo já vazio.
-Pare com isso
Leonardo, parece um besta! Você fez o que quis agora quem não quer é ela. – Diz
o mesmo rapaz que me atendeu. Estas palavras ficam em minha cabeça, eu ouvi
exatamente o mesmo, cerca de três anos atrás, neste mesmo balcão. Parece que
este é o ciclo constante dos “pegadores”, e este bar seria o ponto de encontro de
todas estas histórias.
Penso em dizer
alguma coisa para aliviar a dor daquele rapaz, porém o que poderia eu dizer
ele? Estou sozinho, longe da única mulher que já amei, e já nem me lembro de
qual foi a última vez que provei o gosto de outros lábios. – É isso mesmo meu
amigo, a tendência é só piorar- Penso no meu canto.
A chuva vai
diminuindo, do mesmo jeito que chegou louca e violenta, vai se afastando como se nada
tivesse acontecido, neste momento entra no bar uma jovem, muito bonita, usando
capa de chuva e uma sombrinha roxa, com um sorriso de canto, se aproxima, e
diz: -Eu te perdoo, meu amor. O rapaz que antes chorava agora abraça e beija
sua amada. Pelo menos alguém com um final feliz por aqui. Pago minha conta e vou embora,
Judy já deve estar preocupada.
amei esse texto, lindo
ResponderExcluir<3 <3
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