Eu, por eu mesma

em sábado, 11 de março de 2017


Fiquei refletindo sobre o dilema da internet. Vilã ou mocinha? Aproxima ou afasta? A resposta eu já sabia, eu sempre soube.
                Vejo a internet apenas como uma ferramenta, quem decide como usá-la somos nós. Eu, particularmente, me afasto das pessoas. Eu, por mim mesma, sem precisar de nada. Sempre fui assim. Sou acostumada a ver as pessoas irem, e a deixa-las ir, sem ressentimentos, sem saudades, sem nada, apenas com a satisfação de guarda-las na lembrança.
                Não sou de falar, na maioria das vezes sou apenas ouvinte. Ouço histórias de amor, de saudade, de tristeza, e as guardo comigo, sou como um diário humano, que recebe depoimentos de muitas pessoas, sei muito de muita gente, e elas não sabem nada sobre mim. Realmente não tem muito o que saber, não vivo uma vida de agitação, badalação e pegação. Quando me reúno com amigos (o que não acontece com facilidade, pelo fato de eu não comparecer) sou a que nunca tem nada para contar.
                Não me vitimo-o por isso, é uma escolha minha. Nunca curto festas, não tenho dinheiro, e não vejo necessidade de sair beijando cada par de calça que aparece na minha frente. Não sei ser simpática, nem fingir que gostei de algo ou alguém. Sou ótima em inventar desculpas, mas já não preciso delas. Eu gosto de pessoas, gosto de estar com elas, gosto de ouvi-las, mas isso não significa muita cosia.
                Poderia dizer que tenho preguiça das pessoas, mas não tenho. Poderia inventar um certo medo de ficar isolada, sozinha, deslocada, mas não é o caso. Isso até que acontece, fico deslocada, mas fico porque quero. Eu me distancio, eu afasto, eu abro caminho para que as pessoas saiam da minha vida com a mesma velocidade que entraram. Não pense que eu as esqueço, ou que eu gosto de não as ter comigo, pelo contrário, eu gosto muito, eu sinto muito, eu as quero comigo, mas não acho justo isso. Nem eu me entendo, então não espero que você entenda.
                É muito confuso isso de não sentir saudades, adoro recordar o que já passou mas parece que não sei ser intensa como os demais. Não tenho magoa por ter “perdido” alguém, e como eu poderia? Não sou aquela nas fotos com 200 pessoas, tampouco aquela que está comemorando mais um mês de namoro nas redes sociais. Não estava naquela noite de meninas, nem no show brega de alguém que nunca ouvi falar. Dificilmente vou estar no point da praça, nem mesmo na sorveteria rodeada de amigos. Estarei em casa, com meus livros e minhas músicas, provavelmente não irei atender o celular porque sempre o perco por algum canto do meu aconchegante quarto, que aliás, não condiz nem um pouco com a minha idade. Não sou a “moça de família que só sai com os pais” por opção, afinal saio com eles porque eles me dão teto, e enfim tenho de recompensar, mas não porque eu quero, é meio que uma obrigação, e ainda assim costumo ficar em casa em vários dos passeios familiares.
Meus estimados colegas e minhas primas, já não me chamam mais para nada (o que é um alivio, pois descanso minha criatividade) não sei se já sabem que não vou ou se é porque já repeti alguma de minhas desculpas maravilhosas. Gosto de estar com eles, porém não tenho folego para aturar tudo. Aquelas conversas que eu nunca sei como iniciam, e sempre acabam do nada ou aquelas risadas deliciosas, que eu amo, nem aquela zoeira, nada disso me petisca; apesar de adorar quando acontece.
                A pobre da internet é só mais um refúgio, e mesmo que ela não existisse as coisas seriam iguais. Porque eu sou assim. Não sei por que sou, mas sou. A preguiça das pessoas é tão grande que mantenho o bate-papo ativo para um pequeno e seleto número de pessoas, o que não deve ultrapassar o número cinco. Tudo isso para evitar aquela deliciosa conversa:
“Oi
Oi
Tudo bem?
Sim e você?
Bem também, o que faz de bom?
Nada”
                Sim eu gostaria de viver mais intensamente, só que da minha maneira. Talvez eu pareça bem bipolar, talvez eu até seja. Acredite ou não vejo tudo de maneira lógica, mesmo que não pareça. Meus amigos não contam comigo para festas, mas adivinhem? Todos sabem que vou estar lá quando realmente precisarem, como uma válvula de escape, ou como a voz da consciência, não sei ao certo. Estranho ou não, acredito que sou mais verdadeira que metade dos parceiros deles, acredito que eles também concordem comigo.
                Enfim, eu me afasto, mas não abandono. Não sei se é bom ou mal. Não sei se é certo ou errado. Só sei que sou eu. Do meu jeito. Estranho. Sozinho. Independente. Como um gato que só se aproxima quando quer e que prefere estar só na maior parte do tempo. Essa sou eu. Eu por eu mesma….  


Um comentário:

  1. tendo em vista que nós somos gêmeas, o nome do post deveria ser "nós por nós mesmas"... simplesmente me identifiquei!!

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